Sou brasileira. Não só pelo futebol. É pelo futebol também. E
não tenho vergonha alguma do meu país por não ganhar a Copa em casa. Tenho
vergonha é da corrupção, do preconceito, do desonesto e de pessoas ruins, que
só desejam o mal.
Ainda cantarei, no jogo pela disputa do terceiro lugar, com
a mão no peito, o hino nacional. Foi assim que fui educada, em todas as segundas-feiras,
nos vários anos do colégio. Será com muito orgulho que me unirei ao coro e
cantarei: “dos filhos deste solo és mãe gentil. Pátria amada, Brasil!”
Sempre me orgulhei do meu país. Não é só quando o Brasil
levantou cinco taças da Copa do Mundo que me senti brasileira (como muitos
outros). Eu sou brazuca é por causa de Rita Lee, de Cartola, de Tim Maia. E
também por causa de Thiaguinho, de Preta Gil, de Valesca Popozuda. É pela bossa
nova, pelo tropicalismo, pelos reis do iê iê iê, pelo funk carioca, pelo
sertanejo, pelo forró e, é claro, pela samba.
Com muito orgulho e com muito amor, sou brasileira por
Neymar, por David Luiz, por Júlio César. Mas sou também “flamengo até morrer”.
Sou Rio de Janeiro, sou Minas Gerais, sou graças a esse batuque que de longe
anima gringos e cidadãos nacionais.
É esse povo animado, que vira noite numa roda de samba, num
luau, batendo papo com os amigos ou que chega em casa com o pessoal já indo
trabalhar, com a cara amassada e o salto na mão. É deles e por eles que me
orgulho. É esse “jeitinho brasileiro” bem-humorado que me faz ter tanto amor e
orgulho por esse “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”.
O Brasil é o país do futebol e do Carnaval. Mas leia bem. Em
nenhum momento foi dito que é o país só do futebol e do Carnaval. Somos muito
mais do que dribles e festas carnavalescas. Somos pessoas felizes, pessoas que
não desistem, que se superam, pessoas que mesmo com pouco não reclamam da vida.
Aliás, os que reclamam tanto do Brasil, não sei por que não vão morar fora, já
que consideram o país tão ruim. Para de reclamar e “senta e relaxa”, ou faz
alguma coisa para mudar a situação que te incomoda. Só, pelo amor de Deus, não “senta
e reclama”, não, senão ninguém te atura.