domingo, 26 de fevereiro de 2012

Preconceito não é só palavras

O preconceito é muitas vezes embutido na cabeça de quem, normalmente, o sofre. Quem disse que a palavra tal é um desrespeito? Esse negócio de fazer leis e mais leis para proteger uma parcela da sociedade de ameaças e bullying é, na verdade, uma exclusão da outra parte. Por que não se pode dizer nego, preto, azulão, mas podem gritar aos quatro ventos: “seu branquelo!”, “sardento” ou “transparente”? Desculpe. Mas é preconceito da mesma forma! Por que um grupo se sente necessitado de leis e injustiçado e o outro não tem direito nem sequer de se sentir da mesma forma?

Há vezes em que dizer “bicha” não é insulto, é só um sinônimo de homossexual. Até como forma carinhosa entre amigos é possível ouvir (o famoso “bicha linda” está aí pra provar). Por já ter escutado muitos xingamentos, a pessoa já acha que qualquer um que utilize tal termo está reduzindo-a. Mas calma! Ouça. Analise. É só uma palavra. Ela significa o que você quer que ela signifique.

Quando não se é preconceituoso não é "feio" dizer preto, viado, velho, deficiente ou pobre. O preconceito não está na palavra, e, sim, na entonação que se dá a ela.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Baú Elis

30 anos que Elis Regina nos deixou. E deixou conosco o seu mundo, a sua voz brilhante e a sua herança (seus filhos Maria Rita e João Marcello Bôscoli). Nada mais justo do que agora as “crias” reverenciarem e relembrarem o poder da interpretação de Elis. Por isso 2012 será um ano de homenagens a essa cantora intensa que tivemos a honra de conhecer (muitos, infelizmente, não pessoalmente, mas quantos de nós já nos deixamos ser embalados por canções na voz dela?).

VIVA ELIS

A começar pela série de shows “Viva Elis”, em que Maria Rita irá interpretar, pela primeira vez, músicas da mãe. A apresentação de partida será no dia 17 de março, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Fará shows também no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte. Todos com entrada gratuita.

O filho mais velho, João Bôscoli está organizando a exposição multimídia “Viva Elis”. A vida da cantora será retratada através de fotos, músicas, documentos e vídeos, inclusive um documentário. A primeira cidade a receber a amostra será São Paulo, em abril.

TRABALHOS INÉDITOS

Para marcar os 30 anos sem Elis ainda serão lançados dois discos duplos inéditos. “Um dia” são as apresentações que ela fez no Montreux Jazz Festival, em 1979. Apesar de ter sido lançado em 1982, agora irá para as lojas sem edição; o show completo para os maiores fãs. E no segundo semestre, o disco do show “Transversal do Tempo”, de 1978, estará na íntegra, nas lojas.

O show não pode parar! A criação de um especial pra TV Globo, como já teve “Elis Regina Carvalho Costa”, dirigido por Daniel Filho, é mais uma das idéias para homenagear a grandiosidade de Elis.

E para quem pensa: “Ah, mas já acabou?” Eu digo: “Que nada! Desse baú ainda pode sair muito trabalho marcante. Como Elis sempre fez”.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Daquelas felizes

Sou daquelas que vão de all star em balada; que quando querem pagar de gatinhas e vão de salto, acabam sempre voltando com ele nas mãos. Sou daquelas que vão à faculdade ao natural, sem maquiagem, sem acessórios. Daquelas que pagam mico e riem eternamente das suas histórias. Sou daquelas que não resistem a um pagode, num domingo de sol, com os amigos. Curto desde uma roda de samba até uma balada eletrônica. Gosto mesmo é de me divertir e divertir quem está a minha volta.

Sou daquelas que quando algum colega vai visitar a minha casa eu falo: “vai entrando e tranca a porta! A cerveja tá na geladeira”. Sou daquelas que têm orgulho de serem brasileiras e não têm a mínima vergonha de fazerem o que dá na telha.

Sou daquelas que dançam sozinhas em casa, com música alta e cantam hits bregas debaixo do chuveiro. Daquelas que, no verão, só saem de havaianas e ficam penduradas na laje pra pegar um bronze. Daquelas espontâneas, sabe? Aquelas que quando percebem já estão rindo na sua cara!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Retorno de Maria Rita à MPB


Maria Rita lançou no final de 2011 o seu novo álbum intitulado Elo. Depois da sua ida ao samba com “Samba Meu”, pelo jeito ela resolveu voltar à MPB. O disco foi feito como um agradecimento a receptividade dos fãs a pequenos shows sem nome que fez por São Paulo. Elo traz canções clássicas da MPB, como “Menino do Rio”, de Caetano Veloso e “Só de você”, de Rita Lee e Roberto de Carvalho. Pra quem, como todos esses fãs que assistiram a turnê sem nome, sentiu falta de Maria Rita no cenário da MPB, o álbum Elo veio para matar essa saudade.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A paixão e o amor

A paixão é muito mais perceptível. Vê-se no brilho dos olhos, na empolgação ao encontrar a pessoa. O amor não. É uma observação a longo prazo. Às vezes confunde-se com a paixão. A grande diferença é que o amor não tem fim. Ele não se põe em dúvida durante uma discussão ou uma mentira descoberta. A paixão vem e vai. Quando volta faz o amor muito mais completo. Dá aquela intensidade que faltava. A paixão surpreende! Tira o amor da rotina. Talvez até uma rotina de novidades, mas sempre os mesmos tipos de novidades. O amor segura, protege, estabiliza a relação. A paixão é avassaladora. Dá vontade de ter aqui e agora. O amor espera, acalma, aconselha. A paixão é um pouco egoísta. Seus desejos são a causa dela existir. O amor partilha. Pensa-se sempre no outro antes de você. Por vezes embaralha-se com o que é bom pra você. Mas a verdade, é que quando se dá essa confusão, talvez seja porque os dois precisam da mesma coisa; o que é bom pra um também é pro outro. A paixão sustenta o amor. Por ser egoísta vive sozinha. O amor não. Para sobreviver, a paixão tem que dar o ar da graça de vez em quando tirando o amor da monotonia e reacendendo o sentimento que, na verdade, nunca esteve apagado.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Plano B

Essa é uma videoreportagem sobre o Bombocado, um grupo de pagode formado em 2007 por amigos. Os meninos que começaram a tocar por diversão acabaram se tornando o grupo de pagode com maior evidência em Juiz de Fora e região.

Hoje eles têm uma programação fixa no Paddock e no Bar da Fábrica, além de estarem sempre marcando presença nas chopadas da cidade. Para quem curte esse estilo musical vale a pena conferir o trabalho deles. O maior show que terão agora é a abertura do último show do Exaltasamba em Juiz de Fora, que será no dia 26 de novembro. Os ingressos já estão à venda e o lote vai mudar a partir do dia 15 de novembro. Quem se interessar pode entrar em contato comigo.

Para conferir a videoreportagem acesse:

http://www.youtube.com/watch?v=QX5usnqVLKU

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Com todo o meu amor...

Se conheceram enquanto ele só tinha o surf na cabeça. Era o que praticava quase todos os dias do verão quente da Europa. Ela vivia outro mundo, outra estação, outro cotidiano. Lutava para continuar empregada; a sua maior preocupação era se iria ter festa boa para ir aos finais de semana. Tudo andava bem do lado de cá. Acho que do lado lá também.

Ele estava empolgado com a prancha nova que comprara. Deslizava mais rápido sobre as ondas. Ela provavelmente estava se arrumando pro pagode de domingo, fazendo o "esquenta" para a exposição de Bicas, ou entrando numa carona para Carangola.
Ele ouvia Bob Marley, Incubus e Sensi. Ela não parava de escutar John Mayer, Katchfire e Exaltasamba.
Ele ficava aflito por ter que fazer a própria comida. Seu arroz nunca estava no ponto certo. A opção era spaghetti à bolonhesa quase todos os dias. Ela se preocupava por não comer alimentos saudáveis. Cadê o feijão, as verduras e os legumes? Arroz, batata frita e bife com cebolas era o mais frequente. Pensava mesmo em fazer uma vídeoaula para ensiná-lo a fazer o arroz.
Ele é poliglota. Morou em muitos países. Quer a ensinar a dançar salsa e a surfar. Ela sempre o pede ajuda com os deveres do inglês e do italiano. Quer estudar fora; Conhecer outras culturas, outros povos e principalmente, valorizar o seu currículo como jornalista.

Ela o ensinava o funk pela webcam. Ele quase tinha um infarto do outro lado.
Ele tem planos de fazer faculdade de educação física. Está juntando dinheiro para, quem sabe, começar ano que vem. Ela tem planos de fazer pós, de ter o seu próprio negócio. Não vê a hora de se formar logo.
Ele vivia férias obrigatórias. Eram festas às sextas e aos sábados sempre com David, Euclides e Rogério. E uma atriz amarrada ao seu pé. Ela estava mergulhada em trabalhos no estágio, nos cursos e na faculdade. Atolada até a cabeça. E um namoradinho que não largava do seu pé.
Ele não beijava ninguém. Ficou traumatizado depois das exs. Ela tentava curá-lo. Praticamente a sua psicóloga particular. E beijava. Beijava muito. Estava mesmo na fase "tô solteira e ninguém vai me segurar".
Ele não acreditava em Deus, nem mesmo no amor. Ela rezava todos os dias antes de dormir e pedia pelo bem dele. Vivia sonhando em um dia amar e se entregar.
Ele cantara "half of my heart" debaixo do chuveiro, enquanto John Mayer cantava pela rádio no mesmo instante. Disse que era a música deles. Depois disso ela nunca mais ouviu "haf of my heart" da mesma maneira.
Ele a fazia rir. E ria muito das piadas dela também. Um não admitia que o outro era o mais engraçado. Talvez porque estivessem em pé de igualdade e nem soubessem disso.
Ele vivia a euforia de ter arranjado outro emprego. Já estava ficando sem dinheiro. Também não podia ser por menos; Festas e mais festas regadas a Sagres e vinhos. Ela vivia os altos e baixos da profissão. Uma hora com dois estágios, outra com uma entrevista em emissora de tv, outra já apenas com um estágio e mais nenhuma outra proposta em aberto.

Ela estava na expectativa do tal presente de aniversário que ele mandara por correio. Ou melhor, tentara mandar. Ele, aliás, foi o primeiro a lhe desejar parabéns. Guardara um restinho de crédito no celular especialmente para utilizá-lo nesse dia.
Ele agora já não precisa mais fazer a própria comida. A mãe voltou a morar com ele e com o pai. Já não tem mais a liberdade dentro de casa que tinha antes. Mas continua a andar de boxers preta pelos cômodos. Ela continua dividindo apartamento com a sua amiga. Pretende melhorar a alimentação. Elas passarão a malhar e se alimentarem de comidas saudáveis. Mas só a partir da segunda-feira, ok?
Ela parou de beijar qualquer um. Bêbada, dava foras nos outros caras dizendo que gostava de outro. Esse outro tinha nome e sobrenome. Ele ficou feliz quando ela o contou que fez isso. Ela se surpreendeu com o seu próprio gesto. Ali havia a certeza de que ela mudou. Agora já tinha alguém que a segurasse. E o mais impressionante é que ela queria isso.
Ele sonha com ela na cama, no ofurô e até mesmo num almoço em família. Ela sonha com ele de boxers preta batendo à sua porta e saindo com ela para um bar. Isso é o que eles sonham dormindo. Pois acordados têm muito mais sonhos a serem tocados.
Ele prometeu deixar o cabelo crescer e a barba mal-feita, assim como ela gosta. Ela afirmou que cortaria a franja como ele a pediu.
Ela planeja passar uma semana, a última de Dezembro, com ele e com a melhor amiga, a prima. Ele faz planos. Diz que vai levá-la para comprar um daqueles casacos pesados que não se usam por aqui, no "país tropical, abençoado por Deus". Quer sair pra jantar, dormir de conchinha, levá-la à discoteca. Quer apresentar-lhe um mundo bem diferente do dela. Quem sabe ela gosta e fica.
Pra sempre.