Hoje estava tendo
uma discussão muito alta aqui na minha rua. Sabe quando ambos os namorados começam
a gritar, sem perceber, de tão nervosos? Eles estavam exatamente assim. Não
resisti. Levantei da cama e fui pra janela ver o que era a tal da briga. Um
achava que o outro era culpado. Estavam os dois irritadíssimos um com o outro.
Ele gritava: “O que eu fiz de errado, ‘véi’? O que eu fiz?” E parece que, mesmo
entre ruas movimentadíssimas, a voz dele era soberana dentre todos os outros
barulhos. Chegou a um ponto que a menina ficou tão nervosa, que foi embora. Ele
foi atrás.
Aí deu aquele
silêncio na rua. Reparei que várias cabecinhas apareceram nas janelas do prédio
da frente enquanto rolava a “DR”. Voltei pro computador. Logo depois, de novo,
a gritaria. Ela tinha que pegar o ônibus pra ir pra casa e precisava resolver
aquilo logo, e ele queria falar, porque segundo ele, ela não estava deixando –
e não estava mesmo. Ela fingia que não o ouvia e resmungava enquanto ele
falava. Ele ficou triste.
Acho que teve um
princípio de choro. Ela o abraçou. Falou umas coisas em seu ouvido – bem
agarradinha a ele. Logo ele foi envolvendo o braço dele nela, dissolvendo toda
aquela mágoa que estava tendo. Quando dei por mim, os dois já estavam se
beijando e se abraçando forte novamente.
Nessa hora me dei
conta do quanto é bom fazer as pazes. Fiquei ali, por alguns segundos,
estagnada admirando o amor que ainda há entre eles. É sempre um alívio enorme
saber que quem você ama teve mais motivos pra ficar do que pra ir embora. Pelo
menos dessa vez.