terça-feira, 29 de maio de 2012

É do "balacobaco"!

"Jururu", "cabisbaixo", "avião" e "tantã" são palavras pra lá de comuns aos meus ouvidos. Mamãe sempre me pergunta quando me ouve falando baixinho ao telefone: “tá jururu, filha?” Assim como as rotulações, as gírias antigas, que ninguém sabe ao certo o que significam, levam pra você o significado que te passaram que elas têm. Para mim, “jururu” é uma forma supercarinhosa de questionar se estou triste. 


Mês passado minha mãe me emprestou o dicionário brasileiro da Língua Morta, um livro de Alberto Villas que nos apresenta e explica termos que desapareceram do mapa. O engraçado é que a todo momento identifico a linguagem dos meus pais nele. “Vem, mô, o almoço tá pronto.” “ Mô” é um apelidinho afetivo que ouço sempre lá em casa. “Amizade colorida”, assim que li no dicionário entrei em discussão com minha mãe. Até porque esse termo existe firme e forte nos dias atuais. Aí, ela me explicou que antes “amizade colorida” era o que hoje é “ficar”. Não precisa ser seu amigo para ser chamado de amizade colorida quando se beijarem. Sacaram a diferença?

Será que o grupo “Babado Novo” se desmanchou por terem percebido que o seu nome caiu em desuso? Sei não, mas de acordo com Alberto Villas, “Qual é o babado?” virou coisa do passado. Agora seria mais “qual é a boa?”. Xiiii, desculpe lá, mas acho que eu ou o Villas precisa se atualizar. Entre o meu grupo de amigos, quando estão fofocando e eu chego, logo pergunto: “Qual é o bafo?” Com a gente, de “bafão” em “bafão” é que as histórias acabam distorcidas e na boca do povo.

Outras palavras só ouvi no dicionário Rita Lee mesmo. Quem é mais do “balacobaco” do que ela? Outras ainda peguei na minha infância, como estar brincando de ping-pong e “pedir a nega”. Era a revanche que eu precisava para virar o jogo. Ou mesmo falar: “Nossa, Fulano é muito mauricinho”. Há também aquelas que só em letra de música foram vistas, pois já viraram lenda há tempos! Que nem Roberto Carlos e a sua garota “papo-firme”.

É, não importa qual seja a época, os vocabulários são sempre muito divertidos de serem relembrados! Das rodas de conversa para os livros, o “ó do borogodó” mesmo é ficar de fora dessa engraçadíssima viagem no tempo.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Is this love?


Não foi pelos olhos grandes e negros, nem pelo braço definido, ou pela barba mal feita. Foi pelo tom cômico que coloca em tudo, pela sinceridade que aprendeu a ter e pela mão estendida sem nem mesmo eu pedir. Não, acredite. A paixão pela boca no tamanho ideal, pela sobrancelha grossa e pelos cílios invejáveis por qualquer mulher veio depois. Depois de eu me apaixonar pela sensibilidade escondida dentro de um garoto durão, pelas zoações que sempre me faz e pela amizade nascida antes do amor. Juro que só percebi em como o seu sorriso é tão lindo quanto a sua cara de mau depois que já amava cada característica sua, cada temperamento, cada palavra que dizia. Agora sim. Agora sim eu sei que quero continuar com a sua mão acarinhando a minha ou pousada em minha perna enquanto dirige. É ao som de Bob Marley e tudo mais o que você gostar que quero viver. "'Cause I wanna love you every day and every night".

segunda-feira, 14 de maio de 2012

'Boom' do rap brasileiro

Rimas, improviso, críticas ao abuso do poder, batalhas de MCs e raízes na periferia. É o rap brasileiro emergindo das cinzas. Emicida, Projota e Cone Crew Diretoria são nomes antes – quase – desconhecidos, e agora populares em toda a região sudeste e sul do país. O rap brasileiro, que andava só pelas bandas da periferia, desceu e invadiu o asfalto.

Estamos acostumados a ver na música, personalidades que antes agradavam um público restrito, e de repente, BOOM, passarem a ser amados por uma multidão e entrarem no Top 10 MTV. Chama os mulekes que o rap brasileiro chegou para invadir os sons da sua casa.

Emicida tietando Neymar durante a gravação do clipe "Zica vai lá"
Emicida é o mais popular rapper brasileiro da atualidade. E além de MC é também repórter e produtor musical. A sua fama venho a partir das batalhas de MCs que ele participava em São Paulo. Proveniente da periferia paulistana, ele teve que provar diversas vezes o talento que tem para ser respeitado no asfalto. A música “Triunfo” o colocou em evidência, abrindo brecha para o lançamento de seu primeiro mixtape “Pra quem já mordeu um cachorro por comida, até que eu cheguei longe...”, em 2009, vendendo pelo boca-a-boca cerca de três mil cópias, segundo dados da Revista Época. O videoclipe de mais sucesso atualmente é “Zica vai lá” com participações do atacante Neymar, da cantora Gaby Amarantos e do skatista Sandro Dias, o mineirinho.

Projota em gravação do DVD ao vivo "Realizando sonhos", em Curitiba
Projota, assim como o Emicida, para entrar no cenário do rap brasileiro teve que rimar e improvisar muito nas batalhas de MCs, como na do Santa Cruz e na Rinha dos MCs. O videoclipe “Acabou”, lançado no site Youtube em 2008, fez sucesso e abriu caminhos para que ele gravasse o seu primeiro álbum, intitulado “Carta aos meus”. O single que colocou Projota no Top10 da MTV foi o videoclipe ao vivo de “Desci a ladeira/Pode se envolver”, do seu último álbum “Não há lugar no mundo melhor que o nosso lugar”, de 2011.

Cone Crew Diretoria é o grupo de rap carioca reconhecido por retratar o cotidiano das classes baixas do Rio de Janeiro. Apadrinhados por nada mais, nada menos que Marcelo D2, o beatmaker Papatinho, e os MCs Cert, Rany Money, Batoré, Maomé e Ari estrearam com a música “Lá Pa Lapa”, mas se tornaram famosos com o hit “Chama os mulekes”, do álbum “Com os neurônios evoluindo”, lançado em 2011.

Se você ainda não conhece o trabalho de nenhum desses três fenômenos musicais, está na hora de conhecer. Joga pro lado o preconceito e ouve o que o povo tem a dizer:

sábado, 5 de maio de 2012

E eu gostava tanto de você


“Preto, gordo e cafajeste”, assim se autointitulou Tim Maia ao se comparar com o gato de estimação da filha de Nelson Motta, que levava o nome do cantor. Segundo o jornalista e produtor musical, o gato era cinzento, magrinho e carinhoso, e só os deu amor e alegria.



Tim Maia é um dos cantores e compositores que mais gosto. E confesso, me jogo quando começo a cantar “não adianta vir com guaraná pra mim. É chocolate o que eu quero beber”. Não conhecia muito bem a sua história de vida e carreira (quando morreu eu tinha apenas sete anos) até ler “Vale Tudo”, a biografia de Tim Maia escrita por seu amigo, jornalista e produtor musical, Nelson Motta. Arrogante, descompromissado e ignorante. Provavelmente eu não suportaria viver com o cantor, mas o seu amor pelas mulheres e “o fora” que elas davam nele o fez ser um compositor incomparável, cheio de emoção em sua letra e interpretação.

Além da biografia escrita por Nelson Motta diversas homenagens póstumas foram feitas a Tim, como o programa especial da Globo “Por toda a minha vida” e o musical “Vale Tudo” interpretado pelo neto do Silvio Santos, Tiago Abravanel. Quem curte o soul inconfundível do cantor vale a pena ver ou ter alguma dessas obras e se apaixonar ainda mais pelo trabalho dele.

As homenagens não param por aí! A antiga banda do cantor, a “Vitória Régia”, se uniu ao trompetista Silvério Pontes, ao saxofonista Tinho Martins e ao vocalista Bruno Maia formando a “Banda do Síndico”. No ano que ele completaria 70 anos, a Privilège de Juiz de Fora vai fazer uma festa em homenagem ao Síndico do Brasil dia 11 de maio. E pra se preparar para a balada do Tim aí vai um vídeo dele. Arruma um espaço na sala e se acabe cantando beeeem alto "chocolate, uhh, chocolate. Eu só quero chocolate"!