segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Aquele adeus que não pude dar

Não tive escolha. Ninguém me deu tempo de fugir disso (embora, assumo, tentei). Quando descobri que ela era parte de mim, ela se despediu. Como se tivesse vindo ao mundo só pra me contar nas entrelinhas tudo isso. Tudo o que senti (e ainda sinto) por ela. Foi a separação mais insuportável que aguentei nesses meus poucos 18 anos de vida. Queria que ela tivesse me visto formar, casar, tendo filhos. Queria que ela me ensinasse mais sobre a vida. Ela era feliz com detalhes (ela era feliz?). Na verdade, acho que EU que era feliz com os detalhes dela. Como sinto falta daquele cheiro de talco, daquela experiência toda. Estava por perto nos dias que mais foi preciso. Como se ela soubesse que eu ia precisar dela. Minha mãe. Minha avó. Minha cliente preferida. Minha cozinheira de mão cheia. Você não sabe a falta que me faz. Foi tão difícil perceber que você tinha ido de vez... Eu ainda precisava de você, dos seus cuidados. Mesmo após 3 anos (nossa. Como o tempo voa!), ainda me dói lembrar. Acho que até 1 ano após a sua ida, eu lembrava diariamente da falta que me faz. Houve dias que eu era capaz de te ouvir dizendo: “Jeová que te abençoe.” Hoje acho que não consigo mais. Eu sabia que esse dia chegaria. Mas não queria enfrentá-lo. A senhora não sabe o quanto foi doloroso ouvir minha prima falando aquelas loucuras, como se ainda estivesse viva e pudesse sentir ou ter qualquer reação que fosse. Será que as flores ao teu redor realmente te pinicaram? Talvez ela estivesse certa. A gente não suportou, vó. Elas, que foram mais fortes do que nunca ousaram ser, são as que mais sentiram o coração rasgando ao te ver ali, imóvel, dormindo num sono eterno.

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