sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Ócio produtivo

A criatividade vem do ócio. Esse vago desejado que borbulha a vida dos escritores de palavras nascidas ao léu; mas que logo se encaixam no encaixe perfeito do auge de seu texto. O olhar vagante que esconde os pensamentos viajantes. Saber trabalhar o vazio é talento, não estudo exacerbado. Quem sabe, já nasceu sabendo, mesmo que só tenho descoberto o valor da junção de suas palavras rabiscadas num papel aos 50, 60 anos. Uma frase, uma palavra, um sorriso ou um instante. Apenas UM já é o bastante para fervilhar a mente de um escritor. As mentes ansiosas que esbarramos em esquinas, ou que convivemos por anos – sem perceber que estávamos de frente para um talento – estão loucas para encontrar um simples motivo para sua caneta acelerar por horas e horas sobre o papel. Esse deslize de palavras, a formação de cada uma, é tudo tão belo. Elas nascem com um entender implícito, mas tão visível que há o medo de ser óbvio. Justamente por sabermos ler o que não está explícito, esquecemo-nos que só é óbvio para os que talentosamente descobriram a beleza de criar no vazio do tempo ocioso.

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